Prêmio Nobel de Literatura de 1999, o alemão Günter Grass, 75 anos, disse certa vez que os filhos e netos de sua geração não deveriam se sentir culpados pelas atrocidades do nazismo, mas que devem fazer de tudo para que elas não voltem a acontecer.
Em Passo de Caranguejo, Grass põe como narrador um homem nascido no crepúsculo da Segunda Guerra que vai percebendo, através de visitas a uma página da Internet, que seu filho é um neonazista capaz de pensamentos e atos brutais. Como é habitual no estilo cortante de Grass, mais interessado em fazer o leitor pensar do que lacrimejar, a descoberta que Paul Pokriefke faz das atividades do filho Konny não vem acompanhada de dramas e melodramas, mas de reflexões sobre o seu papel de pai ausente, sobre o fracasso da postura de pedagoga libertária de sua ex-mulher, a influência danosa que a avó nazista exerceu sobre Konny e, em última instância, sobre a presença ainda forte na Alemanha e no mundo da intolerância, da xenofobia e das mais truculentas idéias de nacionalismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário