Em 2009 tivemos o vigésimo quinto aniversário do vazamento de gás tóxico na cidade indiana de Bhopal, que causou milhares de mortes e exigem justiça para as centenas de milhares de vítimas. O governo indiano estima que 15 mil pessoas morreram nestes 20 anos em decorrência da contaminação, mas ativistas falam em quase 33 mil vítimas no total.
Defensores dos direitos humanos, ecologistas, milhares de sobreviventes e pessoas que apóiam os atingidos participaram hoje, de uma passeata pela cidade de Bhopal, capital do estado de Madhya Pradesh, no centro da Índia, para lembrar a catástrofe. Os manifestantes levavam retratos de muitos dos mortos na tragédia e cantavam consignas pedindo justiça e a limpeza da área, ainda contaminada. Durante a passeata, foram queimadas imagens com os símbolos da empresa americana Union Carbide, proprietária da fábrica de pesticida onde aconteceu o acidente, e da também americana Dow Chemical, que a adquiriu em 2001.
Centenas de sobreviventes e milhares de outras pessoas participaram na noite de quinta-feira de uma vigília na qual, como a cada ano, foram acendidas velas e as vítimas de Bhopal foram lembradas.
O acidente químico, ocorrido pouco depois da meia-noite do dia 2 de dezembro de 1984, causou inicialmente a morte de 7 mil pessoas. Vinte anos depois da catástrofe, muitas das vítimas e seus familiares continuam sem receber nenhuma indenização e sem possibilidade de ter acesso a tratamentos médicos adequados.
A empresa Union Carbide aceitou, em 1985, a "responsabilidade moral" do acidente e acordou com o Executivo indiano, sem ir a julgamento, o pagamento de US$ 470 milhões de indenização. Este dinheiro foi depositado no Banco da Reserva da Índia e somente parte dele foi utilizado para indenizar algumas das vítimas. Estas não podem entrar com uma ação contra a multinacional americana, devido ao acordo feito com o governo.
Em outubro, o Supremo Tribunal da Índia aprovou o pagamento de parte do dinheiro restante, cerca de US$ 350 milhões, a 572 mil vítimas e familiares, uma quantia muito inferior à que exigem. Mais de 100 mil pessoas, segundo várias organizações, sofrem na atualidade de doenças crônicas, como cegueira, câncer, tuberculose, problemas respiratórios, depressão, irregularidades menstruais e problemas de articulação. Shyam Agarwal, médico que participa da campanha de ajuda às vítimas de Bhopal, disse hoje que a incidência do câncer de pulmão na região aumentou significativamente e, embora não tenham mencionado números, organizações de defesa apontaram que é quatro vezes superior à habitual.
O médico afirmou que a companhia Dow Chemical, atual proprietária da fábrica, que está fechada, esconde informação vital para estabelecer um tratamento médico eficaz para as vítimas, como a composição exata do gás e a quantidade do mesmo. "O gás que vazou era formado por pelo menos 21 tipos de gases, dos quais até o momento só dez puderam ser identificados", disse Agarwal, que explicou que muitos dos doentes recebem tratamento médico gratuito em um hospital local.
A BBC publicou em 2004 uma pesquisa que indicava que a água em Bhopal tem um nível de contaminação 500 vezes mais alto que o limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois destas denúncias, as autoridades de Madhya Pradesh anunciaram ontem que ordenaram uma pesquisa para determinar a quantidade de lixo tóxico que há na área e prometeu que este será um primeiro passo para uma "limpeza total".
A Union Carbide começou os trabalhos de limpeza do local depois do acidente, gastando cerca de US$ 2 milhões. Em 1998, o governo assumiu as responsabilidades por essa operação.
Até hoje não houve justiça pelas vítimas de Bhopal.
2 comentários:
É isso aí companheira!
Adoro as causas da Anistia. E esse tipo de trabalho é a sua cara.
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