Acabei de ler o livro "A doçura do mundo" (versão brasileira do original "If today be sweet"), da jornalista indiana Thrity Umrigar, publicado pela Editora Nova Fronteira.
Não é preciso dizer que Umrigar é uma mulher fascinante e exímia escritora. Jornalista há quase 20 anos, ela escreve para jornais famosos como o Washington Post e Boston Globe. Além disso, é PHD em inglês e leciona redação criativa e literatura na Case Western Reserve University.
Os romances de Umrigar são sempre envolvidos por teias da sociedade moderna e pela capacidade de confrontação entre culturas do mundo moderno.
Nesta obra, o elemento indiano, sempre presente em seus trabalhos, surge para confrontar a realidade fria e próspera dos Estados Unidos da América.
Tehmina Sethna, uma mãe e esposa indiana (parse) de 66 anos, perde o marido Rustom, com quem viveu por toda a sua vida. Desolada e sozinha em Bombay, ela acaba indo passar uma temporada com seu único filho Sorab, de 38 anos, que vive em Ohio (Estados Unidos).
Sorab é um homem de futuro promissor nos negócios. É casado com Susan, uma americana de temperamento forte, porém amável, e pai do pequeno e adorável Cookie.
Com a chegada de Tehmina, o casal tentar reorganizar a vida doméstica para que "mamãe", como é carinhosamente chamada por ambos, possa rapidamente se adaptar e se esquecer do drama pelo qual passou.
Apesar da boa vontade de Sorab e Susan, um grande abismo separa Tehmina dos hábitos e da vida americana, e as confrontações acontecem a todo momento.
Tehmina fica perplexa com o modo frio, materialista e racional de ser dos americanos, com suas casas enormes e isolacionistas, seu supermercados gelados e com frutas e verduras "sem gosto", com suas flores "sem cheiro" e com o ímpeto de não se importar com a vida alheia, ainda que isso signifique ajudar o próximo.
A difícil adaptação de Tehmina aliada à impaciência de Sorab e ao "jeito americano de ser" de Susan começam a dificultar cada vez mais a decisão da matricarca de retornar ao aconchego de sua cidade natal ou permanecer e tentar se adaptar a um novo estilo de vida.
Acima de qualquer coisa, a obra mostra diferenças singulares entre duas sociedades impulssionadas por um grande crescimento econômico, porém ainda com um grande abismo se colocadas frente à frente.
O modo indiano de viver se confronta a cada capítulo com a sociedade americana de hoje, bastante reclusa e intolerante.
Apesar de ser uma obra interessante e bem escrita, o final poderia ter sido um pouco melhor trabalhado. Porém, independente disso, sempre é válido conhecer mais um pouco da Índia moderna através da narrativa implacável e da criatividade aguçada de Thrity Umrigar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário